quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Personalidade Duvidosa


Imagem: Portal de Paulinia
          
          Atuar no mundo da política utilizando personalidade fictícia ou pseudopersonalidade já não é tão fácil como antigamente. Os personagens que são “fabricados” para entreter o eleitor, tendo como objetivo o voto, passam por um aparato de luz, câmera, televisão, internet e não mais a ação. Esse novo contexto de posicionamento político na rede, requer uma determinada postura com certa dose de ousadia e dissimulação. Essa “fabricação” de diferenciais pode ser o caminho mais coerente a seguir, mas essa postura adotada e disseminada deve partir de decisões extremamente bem elaboradas por profissionais da área de comunicação, em especial os relações-públicas. Sem esses preceitos básicos, a estratégia de diálogo online com o público, pode tornar-se um fiasco.

A reportagem do jornal Estadão, do dia 18 de agosto, noticiou que o nome do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg era praticamente desconhecido, mas agora está na boca do povo. A encenação teve um objetivo político: em 9 de setembro, serão realizadas eleições legislativas na Noruega, e Jens Stoltenberg acha que seu estratagema vai lhe render milhares de entusiasmados votos.

Segundo a reportagem a estratégia parece não ser boa, e Jens será derrotado nas eleições. Primeiro, porque seu partido, trabalhista, vem perdendo impulso; segundo, porque a encenação não foi muito apreciada pelo eleitorado.

Eis o que Jens fez. Disfarçado de taxista, rodou pelas ruas de Oslo, capital norueguesa. Pegou passageiros, conversou com eles, cobrou corridas. Enquanto isso, uma câmera oculta filmava as situações, para mostrar depois à população extasiada como seu premiê é uma pessoa simples, que sai do palácio para falar com o cidadão comum, perguntar diretamente a ele quais são suas angústias, seus sofrimentos, suas esperanças.

O Jornal Verdens Gang afirma que o primeiro-ministro é péssimo ator. Não conseguiu ser natural, a ponto de ser reconhecido por todos os clientes. Acabou até se metendo numa saia justa. Como dirige muito mal, uma senhora, ao descer do táxi, suspirou aliviada: "Enfim, ainda estou viva". Ao que o premiê respondeu candidamente: "É que não dirijo há oito anos". Deixou subentendido que há oito anos anda de carro com motorista. Para alguém que queria mostrar despojamento, nada mais estúpido.

Segundo o autor brasileiro Luiz Alberto de Farias, a construção e a manutenção de relacionamentos é sabidamente mais interessante em diversos aspectos que a conquista de novos cliente, de contatos com a imprensa etc. Para tanto, a credibilidade é algo que se anseia, mas não se obtém do dia para a noite. Constrói-se paulatinamente.

Nesse sentido, conhecer os públicos, estabelecer relações duráveis baseadas no processo de comunicação pública simétrica de duas mãos (um dos modelos de excelência em RP – Veja no site da Aberje), é trabalho que nós, profissionais das relações públicas, temos de fazer em um processo de articulação política e comunicacional, fidelizando ações e ideias com grandes perspectivas e gerando postura positiva da opinião pública frente a um determinado tema e público alvo.


Vídeo: YouTube

4 comentários:

  1. Não conseguiu ser natural, a ponto de ser reconhecido por todos os clientes. Acabou até se metendo numa saia justa. nOSSAAAAAAAA

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  2. Muito bem pontuado este caso. Como escrevi ainda ontem no Facebook, "coisa" e "imagem da coisa" estão cada vez mais difíceis - senão impossível - de dissociar. A ideia, no caso, algo na seara do marketing político-eleitoral, é boa, mas as qualidades intrínsecas do "produto" - o candidato (esteja ele querendo eleger-se ou mesmo reeleger-se) -, é que poderão resultar no inverso: a não eleição ou reeleição. Ir ao contato direto com a população é louvável. Gravar isto - sem comunicar, ou sem pedir autorização ao final (algo indispensável, e que não sei se foi feito) - é deplorável. Mas ser "reprovado" por causa deste contato, do ponto de vista da cidadania e dos eleitores, é ÓTIMO!

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  3. Questões como essas faz refletir seriamente o posicionamento convencional de pseud-profissionais da comunicação, que não está conectado de fato, ao novo modelo de relacionamentos estratégicos com seus públicos. Responsabilidade e coerência, é a chave do sucesso para a nossa excelência em comunicação.

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  4. Na verdade, quando vemos essas ideias já podemos identificar á quilômetros. Isso é coisa de político, então cabe a cada um, por aquele candidato em seu almejado cargo.
    Se o cara tem uma atitude dessas, ou digamos uma ideia dessa em época de eleição, o proposito dele é o que ??
    Engraçado é que eles tem a mesma estratégica, não conseguem disfarçar, bolar algo novo para impressionar realmente seus alvos.
    Talvez se eles usassem sua verdadeira identidade conseguiriam eleger-se ou se reeleger-se, mas como até com eles próprios são hipócritas, tem vergonha de se ver diante do espelho. Sei que essas atitudes não me surpreendem mais, mas vamos sonhando com dias melhores...

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