terça-feira, 31 de março de 2015

Entrevista com Pedro Zambarda


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 Pedro Zambarda de Araújo é formado em Jornalismo pela Fundação Cásper Líbero e cursa hoje Filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Aos 26 anos, Pedro escreveu para importantes veículos como Globo.com e Exame, além de possuir experiência em assessoria de imprensa.
Apaixonado por escrita, games e tecnologia Pedro é vencedor do Prêmio Abril de Comunicação (2011 e 2012) e recebeu em janeiro deste ano o Prêmio de Mérito Profissional da Academia Brasileira de Ciências, Artes, Literatura e História (ABRASCI) pela coluna e agora site Geração Gamer (http://www.techtudo.com.br/colaborador/pedro-zambarda.html e http://geracaogamer.com/).
Atualmente é dono do portal Geração Gamer e escreve para os sites Diário do Centro do Mundo e El Hombre.

1.   Como foi sua escolha profissional? Por que você escolheu Comunicação Social - Jornalismo?

Não era algo que eu queria desde criança, exceto minha paixão por escrever. Fiz alguns livrinhos de ficção desde meus 8 anos e comecei a escrever poesias aos 15, influenciado principalmente por Ferreira Gullar. Quando estava no segundo colegial, meu sonho era montar computadores e eu estava frustrado por não ter entrado no curso técnico de informática da Federal. No entanto, naquele ano notei que era um fiasco em matemática e comecei a cogitar outros cursos. Pretendia ir fazer Letras na USP e virar pesquisador. Meu pai que me recomendou jornalismo, porque achava que minhas participações em fóruns na internet e eventos já eram quase uma atividade de repórter. Eu era muito ligado aos videogames nesses sites, jogo desde os 2 anos e hoje em dia trabalho com isso.

2.    Atualmente você atua em qual área?

Hoje sou jornalista freelancer dos sites Diário do Centro do Mundo (DCM) e El Hombre, ambos do portal iG. Sou também editor do projeto Geração Gamer, que nasceu como coluna na Globo.com. E trabalho fazendo outros projetos.
Trabalho, predominantemente, com reportagem e curadoria de conteúdo.

3.    Como é sua rotina de trabalho?

Maluca, haha. Eu geralmente acordo entre 8 e 9hrs, leio os principais portais de notícias nacionais, UOL, Terra, iG e Globo, e os grandes internacionais, New York Times, BBC e Guardian, e busco me manter atualizado.
Atualmente, por incrível que pareça, o Facebook tem sido a melhor fonte de informações. Se quero algo hierarquizado, caço no Twitter, mas a outra rede social mostra o que de fato esta sendo discutido. Até às 12hrs, eu geralmente tenho um ou mais textos prontos. É meu horário mais produtivo além da parte da noite. Também saio bastante, especialmente quando tenho entrevistas. E conversar com as pessoas é o que mais gosto no jornalismo. Faço com paixão, e olha que eu sou tímido.

4.    Na sua opinião, quais conhecimentos, além daqueles que se aprende na faculdade, ajudam no desenvolvimento profissional?

O jornalista precisa estar atento. Isso não se aprende na faculdade e nem nas empresas jornalísticas. É um faro natural. Você precisa ter uma curiosidade quase obsessiva por obter informações. Eu descobri isso ainda mais quando consegui meus primeiros furos. Você tem dor de cabeça pra adquirir isso. A faculdade, ao contrário do que falam normalmente, ensina bastante. Mas ela peca por querer ensinar um pouco de tudo e não aprofundar alguns pontos. Eu acho importante sim aprender teoria da comunicação. E, mais importante do que isso, seria ensinar aos jovens jornalistas que sua aptidão natural é ter critério para separar informações e para comunicá-las. Isso é mais importante do que entender sobre o que se está falando.
As pessoas tem uma falsa ilusão de que, por eu escrever sobre games, eu jogo muito. Jogo videogames bem menos do que meu irmão. Mas estou informado sobre o assunto e busco formas criativas de passar conhecimento. Ser jornalista é como ser professor e aluno, ao mesmo tempo.
O jornalismo é fundamental hoje em dia, tanto quanto a publicidade, que dizem que paga nossas contas. Repórteres são necessários para apontar o que é mais próximo da verdade e o que não é. Eu percebo, tanto profissionalmente quanto no meu relacionamento pessoal, que as pessoas tendem a dar mais credibilidade para as coisas que eu faço. E eu só conquistei isso trabalhando muito, cruzando muitos dados e, principalmente, errando muito.

5.    Como você enxerga o Jornalismo na era da informação exarcebada?

O jornalismo na era da informação exacerbada e do Facebook vai cometer inúmeros erros. Mas, quando ele acerta, ele é um serviço útil para qualquer pessoa. A profissão, embora enfrente problemas, não está ameaçada, mesmo com tanta gente falando junto. E as pessoas não tem paciência pra checar dados. Jornalista possui essa capacidade porque essa é sua característica básica. E porque ele é pago pra fazer esse esforço.

6.    Como você enxerga o mercado de trabalho para o Jornalista?

O mercado de trabalho enfrenta algumas instabilidades e nem sempre você encontrará o trabalho que gosta de cara. Tem muita oportunidade em assessoria de imprensa, mas você não precisa ficar pra sempre ajudando empresas ou clientes.
Alguns novos veículos de jornalismo estão surgindo, sobretudo na internet. Então, com esse cenário complexo, esqueça os grandes salários que existiam nos anos 90. O cenário é pra quem quer apostar em novas ideias, e até colher frutos dela. Isso pode ser mais interessante do que um bom emprego.

7.    Recentemente o STF decidiu abolir a exigência do diploma para exercer a profissão de Jornalista. Qual sua opinião a respeito disso?

A Lei abolida pelo STF é antiga, formalizada durante a ditadura militar. O problema que o Supremo causou é deixar a profissão desregulamentada e guiada apenas pelos interesses das empresas jornalísticas.
Penso que é necessário ter alguma obrigatoriedade ou pelo menos orientação educacional para quem quer ingressar na carreira de repórter e editor de veículos jornalísticos. A lei era velha, mas pelo menos era útil neste aspecto.
No entanto, o STF e nem o Legislativo discutem sequer uma lei de imprensa mais bem formalizada. No Reino Unido e nos Estados Unidos, há leis que impedem a formação de cartéis de comunicação, com normas claras contra propriedade cruzada. No Brasil, uma televisão praticamente domina a programação aberta e há poucas regras para a publicidade estatal. Isso gera pouco investimento em internet, por exemplo.
Por todos esses motivos, acho o diploma necessário, mas tem muita coisa pouco discutida na formação do jornalista. E isso passa também pelas empresas que atuam no mercado.

8.    Que conselho daria a quem deseja seguir essa profissão?

É uma profissão que faço por paixão.
Jornalista reclama muito do salário e da carreira, mas é um trabalho que me ensina todo dia e que às vezes muda a vida de algumas pessoas. Se você quer ganhar mais do que os colegas, tem que botar a cara a tapa e empreender, entendendo o que é a comunicação.
Para quem entrar na carreira, não vai demorar pra sentir que tem muita coisa que precisa ser feita. E isso causa um pouco de medo da instabilidade. Você precisa ser forte e encarar com 
coragem isso.

9.    Como você acha que o Relações Públicas e o Jornalista podem se relacionar no mercado de trabalho?

RP's e jornalistas são irmãos dentro da comunicação, mas não são o mesmo tipo de trabalho. E eu atuei bastante dos dois lados do balcão. Assessores de imprensa não são amigos de repórteres e vice-versa. O jornalista quer falar a verdade, enquanto o assessor quer passar a informação que interessa à empresa. Nenhuma profissão, ao contrário do que se fala, é melhor do que a outra. Conheci assessores brilhantes e repórteres medíocres, assim como fiquei horas falando com um jornalista e tive que topar com um RP que não se deu muito bem comigo. O importante é que cada um tenha uma ética profissional muito clara. O assessor não precisa ser amigo de jornalista, mas é feio distorcer informações ou sonegar dados por birra de veículo x ou y. Os RP's precisam entender que o consumidor final não vai saber das informações de sua empresa apenas pelas vias oficiais. Se o seu produto ou serviço estiver sendo detonado na mídia, você não está fazendo um bom trabalho. As duas profissões precisam saber quando tomam atitudes mais duras e, muito importante, quando devem ser mais diplomáticos.

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